A fotografia de políticos é um misto de retrato e publicidade!
De qualquer forma, pessoalmente não acredito que funcione se não existir alguma cumplicidade entre o fotógrafo e o político em causa, seja candidato a uma eleição ou não.
Enquanto marca, o político representa uma ideia, ou um conjunto de ideias que visam uma melhoria do sistema ao qual está associado. Obviamente que, conforme a ideologia partidária, essas ideias podem ser completamente antagónicas das de outros políticos…
Para além disto há o cunho pessoal do político; a sua postura, a forma de estar e de se relacionar com os seus eleitores. Dois exemplos completamente antagónicos, mas da mesma área ideológica: Aníbal Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.
O fotógrafo tem de conseguir passar a mensagem que o político protagoniza e que o seu staff idealizou.
Neste sentido, o fotógrafo tem de ser capaz de antecipar os acontecimentos, valorizar os momentos positivos e evitar a todo o custo os momentos desfavoráveis.
A fotografia deve ser inspiradora
Quando fotografamos um político temos de ter em mente, não só a imagem dele, mas a mensagem global que se pretende passar.
Não chega ser uma figura simpática e com um bom relacionamento com o seu eleitorado. É importante mostrar que aquela pessoa é capaz de fazer o que dele se espera.
Na imagem acima, Pedro Morais Soares, revela um olhar atento, a expressão da boca complementa os olhar. Não está distraído com o fotógrafo, mas atento ao que o rodeia que é aquilo que se espera em alguém com as suas responsabilidades.
A imagem acima mostra António Capucho, ex-presidente da Câmara Municipal de Cascais, no átrio do Centro de Congressos do Estoril, aquando de uma conferência de imprensa de John Malcovich.
Como Munícipe, sempre fiquei com a imagem de que António Capucho era uma personagem austera, de poucos sorrisos. No entanto, nesta imagem consegui apanhá-lo num “raro” sorriso. Ora, é esse mesmo sorriso que assume uma função inspiradora que ajuda a perceber outras facetas que queremos mostrar do político.
A escolha e edição
Não sou adepto de grandes edições. No meu trabalho, prefiro fazer a imagem certa de raiz, na câmara, sendo que depois afino o contraste, brilho e côr.
Nos casos que mostrei acima, optei pela passagem a preto e branco. é uma questão de gosto pessoal, mas também, em certos casos, uma forma de reforçar uma ideia ou um estilo.
Por vezes, quando realizo a imagem, opto por um enquadramento mais largo porque prefiro reenquadrar na edição. No caso dos retratos isso não acontece muito, embora possa acontecer.
O que me interessa é o momento, a sua naturalidade e envolvimento. Não posso permitir-me a que a edição transforme completamente a imagem, pois isso desvirtualiza a mensagem. A edição é uma afinação da imagem, um aprimorar de pequenos pormenores que ajudam na passagem da mensagem.
Da mesma forma, a escolha tem de ser cuidada. Temos de ter sempre presente a mensagem global. Por vezes a imagem pode estar excelente, mas não servir o propósito. Nem sempre é a imagem que mais gostamos que passa a mensagem certa. Essa é uma premissa que temos de ter sempre presente.
Obviamente que quem tem a última palavra é sempre o político e o seu staff.
OBSS: As imagens mostradas foram realizadas por mim em contexto de reportagens como foto-jornalista e não como fotógrafo de políticos. Pretendem ilustrar as ideias apresentadas.
As pessoas nelas representadas não devem, nem podem ser associadas sob qualquer contexto que não o intuito deste artigo.
Este artigo não tem qualquer intenção propagandista.
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