Sobre as nossas verdades: Raw é Fixe!

As nossas verdades servem, quando muito, para que de tempos a tempos, as ponhamos em causa!

É conhecido, nunca o escondi, que sou defensor acérrimo de fotografar em JPG em detrimento do RAW.

A razão para tal é sobretudo prática. Quando temos trabalhos com elevado número de imagens e umas horas de edição pela frente, o resultado da imagem em JPG costuma ser mais que suficiente.

Sim ficamos com menos margem de manobra, sobretudo para corrigir altas-luzes; mas partindo do princípio que fazemos bem o nosso trabalho, Isto é, que expomos bem a imagem, essa margem não costuma ser necessária.

Por outro lado temos a questão do “espaço”. A imagem em RAW ocupa muito mais espaço. Com os novos sensores a serem capazes de imagens a rondar os 50 MP, os cartões começam a ficar curtos e, mais uma vez quando o volume de imagens é grande, a diferença entre o JPG e RAW pode ser decisiva (quanto ao espaço ocupado no cartão).

Uma outra razão para eu preferir o JPG é o meu próprio “workflow”. Está de tal forma enraizado que, sair “fora da caixa” pode ser um problema.

Fujifilm X-T2 + Viltrox 85mm F1.8 – 1/100s, F2.8 a 4000 ISO. Tratamento com base em ficheiro Raw editado em Darktable (Linux). Luz artificial de um pequeno candeeiro.

Ora como o volume de trabalho por estes lados anda diminuto, inversamente ao tempo disponível, e como sou defensor que as verdades de hoje, podem ser as mentiras de amanhã; resolvi fazer três imagens em RAW e ver como tudo funcionava…

Pois, já adivinharam! Correu lindamente. Tão bem que comecei a pôr as minhas próprias verdades em causa. Afinal fotografar em RAW é fixe!

O meu workflow é baseado em Linux. A distribuição Linux que uso é a Ubuntu Studio e, os meus programas de edição são o Darktable e o Gimp.

Fiz 3 imagens: duas sub-expostas ( a do Mercedes foi realizada à noite com um pequeno candeeiro de mesa) e uma sobre-exposta. As imagens foram captadas com a Fujifilm X-T2 e a Viltrox 85mm F1.8. A velocidade foi de 1/100s, a abertura foi de F2.8 e o ISO de 4000. As fotos do Bugatti (Whippet) foram feitas no interior, apenas com a iluminação disponível (natural) proveniente de uma janela ampla e sem cortinados.

Depois de baixar as imagens, importei-as para o Darktable que interpretou os dados disponíveis corretamente e me forneceu uma “pré-revelação” excelente. Por gosto pessoal converti todas as imagens a preto e branco e fiz alguns ajustes ao nível do contraste local e geral. Muito pouco, para ser honesto.

Fujifilm X-T2 + Viltrox 85mm F1.8 – 1/100s, F2.8 a 4000 ISO. Tratamento com base em ficheiro Raw editado em Darktable (Linux). Luz natural.

O resultado foi muito bom. Tão bom que a X-T2 ficou configurada em RAW…

Desta forma, acabo por deitar por terra mais uma das minhas “sagradas” verdades. Vou deixar de trabalhar em JPG como configuração principal? Não! As vantagens do JPG continuam intactas. Vou fotografar mais vezes em RAW? Claro que sim! Sobretudo quando o trabalho permitir (ou exigir).

Até sempre.